Fiquei durante meses sem conseguir terminar de ler pela "n-ésima" vez o Livro de Jeremias.
O exílio para a Babilônia, o Senhor chamando Nabucodonosor de “meu servo” (Jr 27:6), sítios, rebeliões, retiradas parciais da população, capitães da guarda, morte de rei e filhos… Eu simplesmente não conseguia concluir a leitura. Alguma coisa me impedia mas finalmente dei ouvidos ao que o Altíssimo queria me revelar, e consegui.
Eu tenho a exata noção de que este é um marco da maior importância na história do Povo Escolhido por várias razões. Primeiro pois é uma baliza dentro da “Teoria das 14 gerações” (Abrahão, Davi, Exílio, Jesus). Também porque é o ponto final das 12 Tribos de Israel. E, finalmente, porque me parece que foi quase um Dilúvio localizado sobre a Terra Prometida, arrasando e matando tudo e todos que não se submeteram ao cativeiro.
O Reino do Norte (Israel) já havia sido destruído pelos Assírios, e das 10 tribos que lá viviam não houve qualquer outro registro na história da humanidade – simplesmente “sumiram do mapa” por causa de sua rebeldia e desobediência para com o nosso Deus.
No Reino do Sul as duas tribos (Judá e a minúscula Benjamim) eram os últimos remanescentes da estrutura original dos patriarcas.
São vencidos. Derrotados. Destruídos. Devastados.
A partir do capítulo 30 de Jeremias o Senhor começa a consolar o povo, explicando que aquela dor futura seria para expurgar os pecados e transgressões cometidos, e que aqueles que não se submetessem ao castigo (fugindo para o Egito) teriam morte certa e segura, por causa de “espada, e de fome, e de peste” (Jr 42:17 e 22).
Ora, isto significa que todos os hebreus vivos descenderam daqueles que realmente foram levados cativos, já que o restante do povo daquela época pereceu. É ou não é um momento da maior relevância?
Então, em vários livros da Bíblia (2 Reis, 1 Crônicas, 2 Crônicas, Ester, Daniel, e alguma coisa pós-transição para a Babilônia em Ezequiel) ilustra-se o que se passou com o povo levado escravo.
Aparentemente a vida deles na terra de Nabucodonosor, Assuero (Xerxes), Ciro, Belsazar, Hamurabi e Sargão não foi tão ruim assim – os sobreviventes de Judá e seus descendentes prosperaram e galgaram posições informais e até formais na sociedade local (Ester, Daniel e seus amigos) –, a tal ponto que Hamã, por inveja e cobiça, tentou matar a todos. É claro que ele se deu mal (Es 7:10).
Ficava patente ao povo que aquela consolação que o Senhor dos Exércitos havia falado em Jeremias 30 era a mais pura verdade – iam ao cativeiro, sim, mas Ele permaneceria com eles. Era um “mal necessário” dentro dos propósitos do Senhor, que em sua infinita misericórdia proveu aos exilados uma vida boa, tranquila e abundante.
A prova maior disto pode ser lida no Livro de Isaías, capítulo 43, versículo 14.
Bem, este curto resumo é para mostrar mais ou menos como está a minha situação pessoal hoje. De certa forma estou em exílio, levado cativo à Babilônia, mas nada me falta, tenho conforto e abundância em minha “tenda”.
Agora, começam uns movimentos ao meu redor que claramente me fazem lembrar de Esdras e Neemias. Parece que o meu “exílio” de “70 anos” está para terminar, mas uma tarefa árdua e perigosa está para me ser cobrada por Deus.
Pedra em uma mão, espada na outra. Reconstruir a muralha e o templo enfrentando “inimigos” externos e internos. Com muito esforço físico para a pedra, muita oração para a espada, e sobretudo fé total no Criador.
Pois que digo: Senhor, eis-me aqui.
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